A estrada era longa e sentíamos uma vontade de largar a bagagem no ponto de partida pra seguirmos mais leves, mas o coração e a mente conectados nos impedia, as duas meninas entre a coragem e o medo, se não entre a dúvida e a certeza, o amor fere. Quando uma era o corpo a que determinava a direção do rumo a outra pendia a cabeça pro lado e admirava a vista, tudo tão imenso e ao mesmo tempo tão vazio, só buzinas, cheiro de fumaça, gasolina e incerteza, parecia poético mas era trágico mesmo, não temeríamos a chegada, talvez só cansaríamos, mais a dor também é liberdade, não era nada demais, nada de errado, sujo, só era um escape, era a vida real cravando suas unhas fundo demais na alma, que tal sorrir um pouco em outra cidade? Era a proposta, Sim! Era a resposta e juntas eram um elo de cumplicidade e sinceridade, seguiriam para o fim e retornariam inteiras pro começo, o berço, pra dar a cara a tapa e deixar bater, era a conclusão de que no retorno nada mudaria, nada se tornaria mais bonito, era a monotonia de sempre, era corações gelados e cheios de sonhos desamarrados como balões a voar longe, tão longe de nós.
A paisagem se seguia, a noite caia rápido e o escuro tomava conta, será que já era escuro os dias quando sorríamos de verdade? Ou só queríamos ver a luz? Pedras, morros, túneis, ecos de gritos que insistíamos em deixar emudecer, era chegada a hora de mudança, sabiam e mesmo assim seguiam, tinha muita estrada ainda. Quando não gritavam pra tentar conversar, ou tentavam fazer com que a música fosse mais alta que o barulho do motor, concentravam-se no rumo, ficavam caladas e entravam dentro das suas próprias cabeças, o que elas pensavam? Não sei, mas estavam juntas e conectavam-se, mesmo que não seja nas situações, mas no fato, a vida, que era a bagagem mais pesada que carregavam.
Depois do cansaço vem a recompensa, mesmo sendo frio, acharam um porto seguro quente em pleno inverno, sorriram, foram felizes, acharam a cidade linda, as pessoas diferentes, tentaram adiar o quanto puderam a volta, mas o problemas estavam a sola dos sapatos como chiclete e já começava a grudar os passos, então deixaram o pedaço quente no inverno na cidade que encontraram e partiram, pra nunca mais voltar, ou voltar mas cientes de que a calmaria existe em toda tempestade e quem sabe a chuva e o frio pare e o sol venha reaquecer os sentimentos gelados, é chegado o fim do inverno, é chegado o começo de novas rotas e estradas e desejem-nas sorte e coragem, porque a estrada maior elas já traçam há muito tempo.
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