sábado, 16 de novembro de 2013

Sucessor da vida

Do previsível a farsa, caminhando de mãos dadas rumo ao sol poente, sumindo longe pra nunca mais.
Bicho homem perecível, com a validade vencida após a fabricação, expostos ao calor e a umidade das coisas não sentidas, se perdendo no tempo, rindo hoje pra chorar amanhã. Bicho homem não espera ser Deus, bicho homem só sabe seguir ponteiros, bater pontos e imprimir extratos.
Não se sabe pra onde vai, também nunca se pergunta. 
Não deixe o homem se esvair do bicho com a mesma lógica com que se opera uma máquina complexa demais, faça o hoje durar.
Não sabe como?
Acorde!
Acorde!
Bicho Homem, acorde!

sábado, 26 de outubro de 2013

Deixa eu dizer.

Pra ela tentar melhorar o humor daquela que ama era um exercício constante, muitas vezes sem conseguir, achava inexplicável a maneira com que ela poderia se deixar sucumbir a feiura dos dias. Ela por sua vez, várias vezes esquecia às próprias características para que esses conflitos não acontecessem, mas como humana que era uma hora tudo se tornava áspero, tudo há irritava e por fim também explodia.
Será que essa vida que levam é raro? Será que não acontece no dia-a-dia de tantos outros casais essa maneira mansa de se deixar levar, de se perder entre a cada novo impacto.
Eu vi o cansaço da vida, eu vi a maneira com que iam do extremo prazer ao falho, eu vi um par de rostos emburrados, eu vi uma mulher chorando baixinho, eu vi a angustia fluir no canto das bochechas, eu vi uma mulher enfiada embaixo do lençol sentindo culpa e raiva por satisfazer-se só, eu vi fogos mudos e triste saindo do orgasmo daquela mulher, eu vi o fim e o fim é. Eu vi um passado tão forte e ao mesmo tempo tão distante, mas ainda sim eu vejo um fim, bem próximo, elas só não conseguiram enxergar, existe um algo que às prende, mas amor? Anda passeando em alguma esquina e tem medo de voltar, eu vou procurar, acho que elas precisam de ajuda, acho que elas precisam de alguém.
Elas tem que voltar a perceber que ainda precisam e amam, uma a outra.







É apenas um desabafo, apenas.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

É sonho ou vontade.

Era um bebê, poucos dias de vida sua visão do mundo ainda era turva, meio embaçada, já se achava uma menina muito corajosa, esticava o pescoço pra ver o rostos que há cuidavam, via dois rostos sempre, de duas mulheres que velavam o seu sono, adentravam madrugadas lhe dando de mamar, trocando fraldas ou simplesmente espiando as nuances do seu humor de bebê, sorriam a cada careta, bico, choro, faziam daquela criatura tão pequena o seu mais intimo tesouro.
Mais crescida porém ainda dotada do fascínio de bebê, com a visão sólida de que as duas mulheres eram suas mães, uma dotada de uma paciência, de uma suavidade de viver e a outra passava uma força, um equilíbrio e pensou o quanto era sortuda, sua cabeça de bebê era dotada de altos pensamentos mas elas não sabiam, pensava o quanto elas dividiam tarefas, perdiam sonos, mesmo exaustas celebravam cada novo acontecimento na vida desse bebê. As mães por sua vez, imaginavam mil e umas coisas pra menininha que com tanta expectativa conseguiram ter, mas eram mães diferentes, cabeças diferentes, uma pensava em levar a filha pro mundo do Peter Pan, de Harry Potter, de Katniss Eveerden, a outra queria que a filha fosse apenas ela mesma, com todos os defeitos e qualidades como ela mesmo era, queria que a filha aprendesse a ser livre como nunca jamais foi.
O bebê cresceu cheia de atenção, de sonhos, de liberdade, cheia de mães e esperando ver esse mundo grande e pesado que as mães disseram que encontraria.

Mamãe R. Repita de novo Clarice, o que você falou. Amor, vem ver Clarice falou a sua primeira palavra.
Mamãe C. E qual foi Clarice, repete pra gente ouvir.
Clarice. MA MÃE

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Família todo mundo tem a sua.

Família é tudo aquilo que achamos um saco, quando temos 15 anos, mas que quando você cresce você percebe que é o principal suspeito de você ser aquilo que é, talvez não me entendam, mas no fundo percebem que o que mais você luta pra afastar é o que mais se aproxima de você.
A sua mãe que é uma chata se transforma numa pessoa que você simplesmente não consegue descrever, é como uma relação de lopping, as vezes desce, muito baixo e você fica diante daquelas situações onde qualquer coisa vira uma alergia, o modo como ela trata os outros e não você, o modo como você queria que ela te tratasse mas quando as sobe, sobe muito alto você percebe que tem um pedaço seu ali, você percebe pela primeira vez que os olhos da sua mãe é um pouco verde e porque você não puxou também, percebe que adora passar a tarde sentindo o vento e conversando qualquer frustração dela e que você não consegue ficar irritada pelo fato dela repetir tudo três vezes e que tem até os mesmos medos que ela, te torna mais humana e mais perto da eternidade.
O seu pai, que apesar de ser completamente retrogrado, não te deixar opinar porque como homem tem a imensa mania de sempre prever tudo, menos o número da loto acumulada, que é turrão e as vezes muito inconveniente, passa a ser com o olhar certo aquele homem que te dava banho metodicamente quando era pequena, a maneira como ele tinha um cuidado para não parecer insensato por você ser uma menina, aquele cuidado que só verdadeiros pais de meninas tem, a forma como você percebe que ele sempre deu o suor pelas mulheres, nós que ele criou com afinco e mimos, mimos esses que nunca eram o bastante, e percebe que até construir uma base de tijolos com ele é divertido, mas você nunca tinha se permitido.
Os suas irmãs, que por sermos meninas tínhamos aquela velha mania de sempre implicar umas com as outras, quando olhamos para trás ninguém diz que crescemos juntas, correndo feitos loucas, imaginando brincadeiras ou ajudando umas as outras, imaginávamos o nosso próprio parque de diversões, mas você só para pra imaginar como o universo infantil é mágico, quando estamos velhos demais pra ele, ai nos deparamos com personalidades totalmente diferentes, mulheres já, ainda temos a mania de implicância é claro, somos fortes e lutamos pelos nossos próprios ideais, mas isso nos torna mais fortes, independente de tudo.
Mas no final é isso que somos, é isso que sempre fomos, uma família, uma grande família que juntos brigamos, mas também juntos nunca esquecemos esse nosso jeito de sermos felizes.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Prólogo.

Era uma noite muito fria, meados de julho, aqueles julho que se acabam de tanto chover , eu sempre fiquei a mercê do clima, refletia fora o que por dentro me escorria, eu ficava sentada no alpendre da minha antiga escola, nunca parei de ir lá, mesmo tendo concluído o ensino médio, são tantas lembranças, tanto ferro fundido terminado em ferrugem, ficando podre, fazia aquilo pra testar a minha sanidade, pra testar minha memória.


Todos os dias eu esperava escurecer e ficava lá, vendo o movimento, exercitando minha mente, alimentando minha liberdade, sempre procurei a função disso tudo, mas nunca encontrei. Sou daquelas que só acredita em fatos, desde pequena sempre tive o habito de olhar todos os detalhes que me faziam ser eu no espelho, olhava cada traço das mãos, cada sinal no corpo, revisava mentalmente minhas características, achava que poderia ser apagada, que a minha história de nada valeria, que teria validade e como humana que sou tenho, mas pensei que ninguém nunca lembraria de uma menina normal, que sempre fez tudo normal e que nada foi alterado no ciclo tedioso do ser humano, aquele que a gente aprende nas aulas de ciência, nascer, crescer, reproduzir e morrer, eu não queria aquilo, definitivamente eu não queria, mas o que pessoas normais, com qualidade e aptidões normais, poderia fazer de uma vida predefinida a ser nada mais que um normal?

sábado, 4 de maio de 2013

Um país de loucos todos.


Eu queria ser tão determinada quanto Gandhi ou tão pura quanto Madre Teresa, mas no final só consegui ser eu, assim tão desistente e indecente, por ser comparada as teresas todas de Gandhi, seria filha da putagem e síndrome do estrelismo, de marca maior eu digo, não somos os heróis que mudaram o mundo tão pouco somos aqueles que levaremos ao abismo, os nossos olhos abertos são cinzas da poluição deixada ao mar aberto do corpo e da alma e é passando a fumaça de mão em mão que muitos engajados constroem o nosso amanhã, sem hipocrisia nenhuma que gravata nunca definiu progresso, ao contrário, a sujeita da barba de muitos é limpa com a ponta da mesma, e é com o dinheiro sujo, o nosso limpo que já deslavadamente já foi lavado é que chega a seda de todas elas, deixa disso mundo, deixa de rodar feito pião apontando o dedo no primeiro cidadão de verdade que encontrar e tira a venda do cinismo de nós todos, deixa disso Brasil, que entre poetas e bêbados que tu jogas na sarjeta é que tu afundas todo dia entre loucos e vis que abocanham suas raízes acompanhada de batata frita e ketchup.

sábado, 20 de abril de 2013

Criatura e criador.


Resolvi chorar em letras, porque as lágrimas em físico me faltam, hoje percebo que não posso e não consigo ser um bem, mesmo que eu seja na vida de alguém, hoje como outras vezes já aconteceram fui acusada de ser um dos piores seres humanos na face da terra, julgaram meu caráter, minha vida, meu sucesso, me acusaram por fazer coisas normais, por tentar crescer, por tentar ajudar mesmo aqueles que me acusam, me causaram dor, quantas vezes já? E hoje é só uma lembrança daquilo que sempre sofro, é como um filme assistido muitas vezes, já repito as falas, mesmo tendo fé, é fé e acreditando sempre que fé cega é faca amolada, já me cortou tantas vezes, mesmo ocultando os meus pensamentos mais sombrios e deixando assim que prevaleçam os de esperança, os de amor o ser humano que sou está enraizado na condição de ser vazio, mesmo apostando na sorte, sou só receptáculo pra acusações e como delatora que sempre hei de ser, delatora de moral aos imorais todos, delatora de condições aos mendigos todos, delatora de caráter aos injustos todos, sou condenada aos mais penosos dias frios das almas injustiçadas, quem dera eu ter força minha senhora, pra garantir o conforto para aquela que colocaste no mundo, um dia garanto que levarei pra longe o bem mais precioso que não sabes que tem e de ti só sobrara migalhas de sonhos desperdiçados e arrependimentos de atos mau julgados e impensados que prematuramente executasses, tirarei de ti o ouro que nem pensas em vender e já sentes a dor, porque sabes que já desde hoje ela te ignora, não porque pedi pra assim fazê-lo, mas com as tuas próprias ações que afugentam matilhas inteiras de lobos, já afastasses de ti, um dia te olharei com a cabeça erguida e pedirei a tua ausência e essa será acatada, eu sei que não sem dor, mas por dores que tu já fizesses a outros sentir, é com isso que eu sei que o tempo um dia torna tudo muralha forte e tocável e não está longe para que essa julgada aqui, te condene.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Olha só.


É assim devagarinho, de fininho que eu te amo.
Não precisa ser doutor em amor, em cama, em calor, é simplesinho que eu te amo.
Não precisa ter piscina, carro esporte ou karatê.
Sentimento em abundancia, nem precisa ter lambança, tamo junto e tamo bem.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Keep Holding On


Nos ver em uma situação dessa, não consigo manter as rédeas nessa carruagem/mundo que corre rápido demais minha flor, perco a linha e sei que meus trilhos acabaram e vão bater, perto demais, perto demais sempre me encontro, são códigos antigos de conduta que me forço a seguir, você me conhece, conhece minha vida, não sou falsa, tão pouco, não sou isso, tenho carne pulsante demais pra saber compreender onde nossa estrada bifurcada que acabamos seguindo rumos diferentes vão dar, acredita que elas se afunilam no final me fazendo esbarrar no teu ombro novamente? Acredita flor? Acredita nessa fé cega de happy ends cinderelescos? Acredita bem, que assim não sonho sozinha, me perdoa, parece um adeus mais não é, é um não me esquece, não me julga, não me maltrata assim, não desiste. A corda que me amarra é grossa demais pra uma pessoa tão pequena quanto eu, são começos e fins intermináveis que me faz mais atada a ela cada vez que me mexo e forço a fuga, mas você, no fundo você me decodifica como ninguém, só quero que saiba que eu sou uma ultima peça de um quebra-cabeças acabado pelo tempo, não me encaixo em lugar nenhum, só me forço pra manter a beleza no quebra cabeça que melhor me coube, infelizmente.


R.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cedo ou tarde é hora de fugir.



Era uma casa que tem várias cores descascadas. 
Onde o passarinho é preso na gaiola e os gatos na corrente.
É onde a liberdade nunca existiu e os humanos por sua vez eram presos dentro das suas próprias cabeças. O sol nasce e se vai por entre o muro e eu nunca durmo, é esse lugar que a esperança nunca visitou, o egoísmo vive e os maus costumes tomam conta.
É onde eu vivo, infelizmente.




Nota Póstuma

É entre às paredes desse quarto que eu já não consigo ver quem sou, quero ser passarinho solto, gato livre, mas como desaprendi a correr, fico nesse eterno jogo de olhar passarinho triste e alisar gato preso.


 

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