quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Os humanos tristemente não se desmontam.


    Eu estou esperando, é um começo interessante para quem tem imã para espera, sinto que esperas são realmente muito tristes, é como se sentir frágil na portaria de uma escola aguardando alguém que não vem te buscar nunca – Ok estou exagerando, sempre vem alguém, sempre vem, mas eu fico com essa antecipação pendendo do lado esquerdo do corpo, algo de mim se desprende e tenta em vão procurar a presença desejada que não chega nunca, verifico o relógio, mais 5 minutos, mais 10 minutos, uma eternidade eteria traduzida em códigos e números, lembro que até hoje não aprendi direito a ver as horas em relógios de ponteiro, a lembrança me faz rir, desde pequena nunca suportei esses eventos cronometrados, marcados, adiados, frios, por mim o encontro deve ser assim, aparecer trazendo surpresa, cheiro de cigarro, perfume, shampoo, cheiro de toalha molhada no rosto, enchendo a casa, o vento poderia me trazer esses cheiros para fazer eu me sentir melhor, é inútil.
    Entra, sai, chega, parte e nada, o tic tac me entorpece, fecho os olhos e lembro da voz me dizendo, sem falta amanhã te pego, te dou um beijo, te faço ronronar como gato manhoso e te deixo ir, mais leve que qualquer pena, com sorriso bobo nos lábios e eu repito pra mim, só mais uns minutos, mais alguns, as horas passam e irremediavelmente eu tenho que dizer que toda a areia da ampulheta moderna se esvaiu, o sono não vem hoje, eu sei, a pausa intermediaria que me daria tanto prazer e felicidade também não. Fui, de cara amarrada, sorriso falso, boca seca. Fui, pra voltar amanhã, porque se há espera, há encontro, acredito.
 

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