Eu estou esperando, é
um começo interessante para quem tem imã para espera, sinto que
esperas são realmente muito tristes, é como se sentir frágil na
portaria de uma escola aguardando alguém que não vem te buscar
nunca – Ok estou exagerando, sempre vem alguém, sempre vem, mas eu
fico com essa antecipação pendendo do lado esquerdo do corpo, algo
de mim se desprende e tenta em vão procurar a presença desejada que
não chega nunca, verifico o relógio, mais 5 minutos, mais 10
minutos, uma eternidade eteria traduzida em códigos e números,
lembro que até hoje não aprendi direito a ver as horas em relógios
de ponteiro, a lembrança me faz rir, desde pequena nunca suportei
esses eventos cronometrados, marcados, adiados, frios, por mim o
encontro deve ser assim, aparecer trazendo surpresa, cheiro de
cigarro, perfume, shampoo, cheiro de toalha molhada no rosto,
enchendo a casa, o vento poderia me trazer esses cheiros para fazer
eu me sentir melhor, é inútil.
Entra, sai, chega,
parte e nada, o tic tac me entorpece, fecho os olhos e lembro da voz
me dizendo, sem falta amanhã te pego, te dou um beijo, te faço
ronronar como gato manhoso e te deixo ir, mais leve que qualquer
pena, com sorriso bobo nos lábios e eu repito pra mim, só mais uns
minutos, mais alguns, as horas passam e irremediavelmente eu tenho
que dizer que toda a areia da ampulheta moderna se esvaiu, o sono não
vem hoje, eu sei, a pausa intermediaria que me daria tanto prazer e
felicidade também não. Fui, de cara amarrada, sorriso falso, boca
seca. Fui, pra voltar amanhã, porque se há espera, há encontro,
acredito.
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