Família é tudo aquilo que achamos um saco, quando temos 15
anos, mas que quando você cresce você percebe que é o principal suspeito de
você ser aquilo que é, talvez não me entendam, mas no fundo percebem que o que
mais você luta pra afastar é o que mais se aproxima de você.
A sua mãe que é uma chata se transforma numa pessoa que você
simplesmente não consegue descrever, é como uma relação de lopping, as vezes
desce, muito baixo e você fica diante daquelas situações onde qualquer coisa
vira uma alergia, o modo como ela trata os outros e não você, o modo como você
queria que ela te tratasse mas quando as sobe, sobe muito alto você percebe que
tem um pedaço seu ali, você percebe pela primeira vez que os olhos da sua mãe é
um pouco verde e porque você não puxou também, percebe que adora passar a tarde
sentindo o vento e conversando qualquer frustração dela e que você não consegue
ficar irritada pelo fato dela repetir tudo três vezes e que tem até os mesmos
medos que ela, te torna mais humana e mais perto da eternidade.
O seu pai, que apesar de ser completamente retrogrado, não
te deixar opinar porque como homem tem a imensa mania de sempre prever tudo,
menos o número da loto acumulada, que é turrão e as vezes muito inconveniente, passa a ser com o olhar certo aquele homem que te dava banho metodicamente
quando era pequena, a maneira como ele tinha um cuidado para não parecer
insensato por você ser uma menina, aquele cuidado que só verdadeiros pais de
meninas tem, a forma como você percebe que ele sempre deu o suor pelas
mulheres, nós que ele criou com afinco e mimos, mimos esses que nunca eram o
bastante, e percebe que até construir uma base de tijolos com ele é divertido,
mas você nunca tinha se permitido.
Os suas irmãs, que por sermos meninas tínhamos aquela velha
mania de sempre implicar umas com as outras, quando olhamos para trás
ninguém diz que crescemos juntas, correndo feitos loucas, imaginando
brincadeiras ou ajudando umas as outras, imaginávamos o nosso próprio parque de
diversões, mas você só para pra imaginar como o universo infantil é mágico,
quando estamos velhos demais pra ele, ai nos deparamos com personalidades
totalmente diferentes, mulheres já, ainda temos a mania de implicância é claro,
somos fortes e lutamos pelos nossos próprios ideais, mas isso nos torna mais
fortes, independente de tudo.
Mas no final é isso que somos, é isso que sempre fomos, uma
família, uma grande família que juntos brigamos, mas também juntos nunca
esquecemos esse nosso jeito de sermos felizes.
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