sábado, 3 de setembro de 2011

Um brinde, aos seres humanos omissos e aos amores perdidos.

Ele foi até a banca de jornal, para tirar de si o tédio, e há viu passar indiferente a presença dele, era o que ele pensava claro, pensou em como ela estava linda, como sua presença durante um tempo e a sua ausência atual tinha causado um ar bom nela, pernas grossas de quem começou a ir para a academia e aquele ar de ser bem mais feliz que ele, então começou a imaginar como poderiam ter acontecido vários encontros como àqueles habituais que ele talvez não tenha visto ou reparado, pensou em quantas noites ficou bêbado em vários bares de esquina por causa dela, pedindo músicas de dor de cotovelo aos cantores e os chateando com aquelas músicas bregas para matar nele a falta que ela fazia, pensou também em como seria se tivesse ela nos braços novamente, como seria o cheiro, o gosto, se seria de harbor ou de hálito fresco da manhã ainda, lembrou-se de todas as vezes que levou ela pra cama, dos gemidos que ela dava, do suor e das caras que ela sempre fazia, dos olhos fechados como se ela não quisesse ver o que estava fazendo, como se aquele prazer que sentia não era ele que à proporcionava e sim ela mesmo com a sua imaginação, como ela mandava e ele obedecia algo como, não para, e pensou se foi realmente ele mesmo que deixava aquela mulher que passava alheia a ele na banca de jornais doida, e se não era tudo fingimento, pensou em como encontraria ela daqui a uns anos e se ela covarde como é e constrangida pelo que tinha feito a ele manteria algum tipo de conversa ou simplesmente passaria rápido tentando adiar ao máximo o encontro que aconteceria se a vida permitisse, mas rápido que ela imaginava, como ela estaria daqui a uns anos mais velha, mas madura, com amigos sinceros ele pensou, ou se começaria a parecer com a mãe uma velha com ilusões de nova  e recentemente adepta a macumba, para tentar castigar o marido infiel que teve, pensou que se fosse assim o futuro até poderia perdoa-la por ter o largado, esse futuro de mãe raivosa ele não queria ter nas mãos, nas mãos ele só queria uma aliança e queria também chegar em casa, mas não por ser mecânico e sim por estar com saudades da mulher incrível que conseguiu achar, mesmo depois de penar por causa daquela ( ele preferia não usar palavras feias para intitular ela, pois a amava ainda, e isso doía.) mas isso ele sabia que não conseguiria encontrar, sortudo do jeito que é no máximo mais um caso de alguns meses que lhe renderia vários outros de ressaca e literatura suicida, mas ele não deixava de olhar ainda, a mulher que ele teve e que amou mas que a ele mesmo, passando ali, com o seu cabelo preto, a pele morena de sempre, aqueles olhos curiosos que antes o olhava com admiração e hoje se a viu olhando na direção dele o que encontrou foi um olhar de pena, e ele ficaria ali, vendo ela passar alheia ainda a ele na banca comprando jornais e pensaria como os mais forte dos amores também se perde, e passam alheio a você, ali numa banca de jornais ou em uma praça, e que por mais que tentasse tudo se perdeu, se perde, se perderá e que o ser humano é assim, perverso com uns e gentis com outros e que isso não mudaria. E realmente nunca mudou.

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